No imaginário que circunda sobre a língua portuguesa e suas aplicações no dia a dia, está a dificuldade que muitas pessoas encontram de entender o uso da crase. Acabam achando que é algo mais complicado do que realmente é, causando um alvoroço sem necessidade. Mas uma coisa é certa, ela não tão difícil assim, e para não ter erro, é preciso entender como ela se comporta dentro da oração, e principalmente, o que é regência verbal.
Primeiramente: regência para entender
Cada palavra possui uma classificação e função específica que é determinada pelo posicionamento que ela tem dentro da oração. Elas são escolhidas pelo falante no intuito de construir um discurso coeso e coerente. Neste sentindo, uma palavra pode ser classificada como substantivo, verbo ou pronome e exercer funções de sujeito, ação ou objeto. Por exemplo, nesta frase:
Maria foi à missa
A palavra Maria é um substantivo próprio que exerce a função de sujeito, o verbo ir, conjugado na terceira pessoa do singular – foi é a ação executada pelo sujeito. O verbo pede uma preposição, no caso a para fazer a ligação ao complemento, no caso a missa. A palavra missa aceita o artigo definido a. Assim, tem-se um exemplo do uso da crase.
Discutido isso, o emprego da crase estabelece uma função estabelecida pela regência que um verbo pede, de acordo com a ligação que ele precisa realizar com o seus complementos. Essa relação entre as palavras tem a finalidade de não criar um sentido ambíguo na frase.
O uso certo da regência segue alguns pressupostos, como atender a objetividade e clareza importantes à língua. A crase surge da relação entre o verbo e seu complemento, oferecendo capacidade expressiva à comunicação final.
O que é a crase?
A palavra crase é de origem grega e significa fusão, mistura. Na língua portuguesa, ela é a contração entre duas partículas: a preposição a + o artigo feminino a ou o a que antecede pronomes femininos. Toda a vez que houver essa junção entre vogais iguais haverá o acento grave, como indicador de crase, para designá-lo.
Para usar a crase corretamente se deve, então, seguir algumas regras que servirão como orientação nas diversas situações que ela é aceita. Mas uma coisa é certa, para saber a ocorrência desse fenômeno tem que saber se o verbo pede a preposição a e se a palavra aceita o artigo feminino a.
Para se sair bem com a crase é importante entender a relação do termo regente e o termo regido.
Empregos da crase
Palavras femininas
A primeira regra básica do uso da crase é essa: nunca use acento crase diante de palavras masculinas. Se estas são masculinas, não admitem o artigo a, logo, não há contração entre as vogais iguais.
Quando a dúvida bater à porta, substitua a palavra feminina pela masculina. Se nesta troca surgir a preposição ao, então vale ter crase. Exemplo:
Fui à igreja com meu namorado — Fui ao cinema com meu namorado
Horas
Antes de locuções que expressem hora, sempre colocar crase. Exemplo:
A aula acaba às 14 horas.
Mas, atenção: quando a hora estiver antecedida das preposições para, até e desde, não leva ao acento grave. Exemplo:
Ele cansou de esperar e foi embora, afinal, estava aqui desde as 18 horas. (o as neste caso é um artigo definido)
Locuções adverbiais femininas
A crase é empregada quando as locuções adverbiais femininas expressam ideia e tempo, lugar e modo. Exemplo:
Ela disse que às vezes sente saudade dele.
Ele saiu às pressas de casa, pois estava atrasado para o trabalho.
Verbo
A crase não é permitida antes de verbo. Exemplo:
Estava apto a disputar a vaga de emprego
À moda de
Toda regra tem uma exceção, e essa é uma delas. Mesmo que a palavra seja masculina, mas seja precedido do a com sentido de < à medida de>, é permitido a crase. Exemplo:
Ele joga à Garrincha
Vai e volta
Quando for usar verbos que expressão movimento e bater aquela dúvida se a regência permite crase, utilizar essa regrinha. Pode-se usar crase quando puder dizer volto + da + lugar. Exemplo
Vou à Bahia — Volto da Bahia
O uso opcional da crase
Há momentos que a crase pode ser usada ou não, isso depende do estilo da escrita da pessoa. A seguir alguns casos:
Pronomes possessivos femininos: minha, tua, nossa etc.:
Eu devo satisfações à minha mãe ou Eu devo satisfações a minha mãe.
Antes de nomes próprios femininos:
João fez um pedido à Maria.
Depois da palavra até:
Todos foram até à praça para jogar Pokémon Go.
Terra e Casa
Permite-se crase quando as palavras Terra e casa forem acompanhadas de outra palavra que dê outro sentido a elas. Exemplo:
Cheguei a casa —- Cheguei à casa materna
Os navegantes chegaram a terra —–Os navegantes chegaram à terra nova.