Ao se deparar com um determinado ser vivo com características muito parecidas a outro, é comum que as pessoas pensem que são de uma mesma espécie. No entanto, é necessário destacar que a aparência física não é um fator confiável para realizar uma conclusão como essa. Para poder afirmar que existe semelhança entre dois seres vivos, deve-se conhecer o conceito biológico de espécie.
Assim como existe seres que são bastante parecidos, mas não possuem nenhuma relação, também existe seres que são completamente diferentes, mas que pertencem a uma mesma espécie. Apesar de parecer uma ideia confusa, realmente é dessa forma com que a natureza mantém a grande diversidade que apresenta.
Definição de espécie
Atualmente, para realizar a definição de uma espécie é preciso usar um conceito que foi proposto no ano de 1942 pelo biólogo conhecido como Ernst Mayr. De acordo com ele, para se definir esse termo, o primeiro passo que se deve fazer é observar a forma com que o organismo se reproduz.
De modo mais formal, o conceito biológico de espécie pode ser definido como agrupamentos de populações naturais que são capazes de reproduzir entre si, mas que são isoladas em relação a outros grupos semelhantes, ou seja, que não são intercruzantes.
No entanto, é necessário destacar que o fato de existir espécies que são reprodutivamente isoladas não está restrito necessariamente as modificações biológicas, mas também está relacionada a questões de barreiras geográficas que impossibilitam o cruzamento entre as populações.
Portanto, dois agrupamentos de espécies distintos não podem se reproduzir de acordo com essa definição de conceito biológico de espécie.
Críticas
Embora o conceito biológico de espécie seja algo bastante conhecido, deve-se destacar que o termo não é universalmente aceito. A justificativa para isso está nas afirmações que especialistas da área realizaram de que essa definição apresenta algumas dificuldades e limitações.
Um exemplo disso são os organismos assexuais ou as populações fósseis. Além disso, o conceito também não pode ser aplicado em espécies que apresentam populações que estão presentes em ambientes diferentes, ou seja, que são disjuntas. Logo, são limitações prática que a definição apresenta.
Deve-se ainda destacar que existem casos que não possuem absoluto isolamento reprodutivo entre duas espécies. Nessas situações mesmo duas espécies estando isoladas de modo parcial, existe a possibilidade de resultar no desenvolvimento de seres híbridos. Esses sãos os principais argumentos utilizados pelos especialistas da área para se posicionarem contrário a definição do conceito biológico de espécie.
A origem da definição
Ao longo da história muitos cientistas que tinha como foco de trabalho a teoria evolucionista eram atraídos pela natureza quando se depararam com a questão do isolamento reprodutivo. Nessa área de estudo, umas das primeiras definições a surgir para tentar abordar a ideia biológica de espécie foi a de Edward Bagnall Poulton.
Segundo esse evolucionista pós-darwiniano o principal critério para definir o conceito com uma visão biológica de espécie é a compatibilidade reprodutiva. Conforme destacou, é preciso incluir o antes e depois desse processo de acasalamento. Desde modo, Poulton deu a sugestão de que o cruzamento era o verdadeiro fator para diferenciar espécies.
Para complementar a sua ideia, Poulton publicou um livro intitulado como “O que é uma espécie”. Esse trabalho deve ser destacado visto que foi o primeiro conteúdo que ficou conhecido por tratar e tentar definir o conceito biológico de espécie.
A partir da publicação do trabalho de Poulton, algumas discussões surgiram em torno desse assunto como, por exemplo, a que incentivou o geneticista russo Dobzhansky a formalizar a sua visão a respeito de espécies como agrupamentos considerados como reprodutivamente isolados.
Por meio de um artigo publicado no de 1935, Dobzhansky defendeu a sua ideia de que uma espécie nada mais é do que um grupo de seres que são completamente férteis entre si, mas que não possuem capacidade de se cruzarem com indivíduos de outros grupos, mesmo que parecidos em questão de propriedade fisiológica.
Além disso, também destacou que a questão de localidade deveria ser considerada como um fator de isolamento, mas frisou que apenas os sistemas fisiológicos eram os responsáveis pelo isolamento dos grupos e, consequentemente, da sua definição do conceito biológico de espécie.
Vários conceitos
Como já deve ter sido notado, ainda existe muita discussão a respeito da definição de espécie e, por isso, há uma grande diversidade de ideias, apesar de algumas possuírem argumentações em comum. O interessante é que os conceitos filogenético, fenotípico e de reconhecimento de espécies foram apresentadas com a finalidade de deixar a definição mais completa, além de corrigir alguns problemas.
A definição de reconhecimento de espécie defende que os indivíduos pertencentes à um mesmo grupo, possuem a capacidade de reconhecer os potenciais parceiros sexuais. Já o fenotípico aponta que os seres que apresenta características muito parecidas entre si devem ser considerados como pertencentes a uma mesma espécie.
Portanto, não existe um único conceito biológico de espécie capaz de definir muito bem isso, mas certamente é possível afirmar o conjunto das ideias desenvolvidas permitem que se tenha uma boa noção sobre o assunto.